Cair da própria altura é a principal causa, entre idosos, de fratura de fêmur. Esse osso é estratégico para garantir movimentos de membros inferiores e, quando quebrados e não tratados, convertem-se em um dos maiores casos de mortalidade entre pacientes acima de 60 anos.
No Hospital Regional do Sertão Central (HRSC), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), já foram mais de 300 atendimentos de fêmur fraturado, só este ano. Destes, 80% são de idosos. “Na região, são duas as principais causas: queda de moto entre jovens e, principalmente, o idoso que está em casa, tropeça em um objeto, escorrega num tapete, e cai”, explica Luiz Valdo, médico traumatologista do HRSC.
Foi o que aconteceu com Francisca Isabel de Sousa, de 102 anos, a paciente mais longeva atendida pelo serviço. Um desnível que houvesse entre cômodos da casa onde mora, em Itatira, fez Isabel cair. “Ela estava indo da sala para o quarto, tinha uma diferença do piso, aí ela virou o pezinho e caiu”, contou a filha Auricélia Mesquita, 51 anos. Levada para o hospital recuperando de fortes dores, um raio-x mostrou a causa: “Ela havia fraturado o fêmur”, disse Auricélia.
Para promover o atendimento rápido e a recuperação de pacientes que sofrem fraturas por quedas, o HRSC utiliza a Linha do Fêmur, um método que prevê que, em até dez dias, o paciente seja atendido, passe por cirurgia e receba alta. “É uma linha de cuidado e atenção que garante urgência nos procedimentos e processos, para que o paciente seja operado em tempo oportuno e para que logo ele esteja andando”, pontua Luiz Valdo. Uma linha de cuidado é uma estratégia que define o percurso de atendimento de um paciente, orientando os profissionais de saúde sobre os procedimentos mais adequados para cada caso.
Isabel deu entrada no HRSC em 26 de setembro deste ano. No dia 2 de outubro fez a cirurgia e no dia seguinte já estava de pé, dando os primeiros passos com o auxílio de um fisioterapeuta. Em 4 de outubro ela recebeu alta. A celeridade nos procedimentos é importante para evitar outras comorbidades, como explica o traumatologista. “O tempo de espera, quando passa do que é preconizado, traz consequências. O paciente não consegue mais andar, e quando ele fica só deitado, pode desenvolver infecção urinária e até pneumonia”, pontua Luiz Valdo.
A Linha do Fêmur conseguiu recuperar vários pacientes e se tornou uma área exitosa de atuação do HRSC. Em setembro, das 164 pessoas atendidas pelo setor de traumato-ortopedia, 59 tiveram entrada com fratura de fêmur, a maioria idosos. “Aqui já temos a expertise necessária para tratar esse paciente. Nosso foco é operar de forma segura e minimizar os problemas. E nosso sucesso tem sido manter a vida dessas pessoas”, explica Valdo.
Francisca Isabel que o diga. De volta à cidade onde mora, Itatira, oito dias após dar entrada no HRSC, ela está livre das dores e agora se mantém sob os cuidados da família. “O procedimento com minha mãe foi um sucesso, ela está bem, apesar da idade, e já não reclamou mais das dores. Agora, é só tirar os pontos da cirurgia”, conta a filha, Auricélia.